21 de maio de 2010

Um corpo sobre o chão

O chão não era varrido há dias, talvez semanas. Foi a primeira coisa que Clara notou ao entrar naquela cozinha. A toalha da mesa estava cheia de migalhas de pão e manchas de café com leite deformavam a estampa (que aliás era bem brega). Da pia vinha um cheiro desagradável, e Clara imaginou que a louça não era muito lavada naquele lugar.

Perdida no meio destes pensamento, ela viu então um corpo sobre o chão, e então um frio repentino lhe subiu pela espinha. Ela, sozinha naquela cozinha, com um corpo no chão.

 Mas rapidamente ela retomou suas emoções e deu de ombros, se já estava morta, era melhor, não teria que ela mesma se dar ao trabalho de matar.

Resolveu então ser prática e fazer o que devia ser feito, pegou o resto mortal e o jogou fora. Então abriu as janelas, tirou a toalha da mesa, e começou a varrer o chão enquanto resmungava:

-Tomare que eu não ache mais nenhuma barata morta, ou pior, uma viva.

Pois aí, ela teria que se dar ao trabalho de matar.

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