10 de janeiro de 2011

Alegria

Com um livro de 400 páginas nas mãos, debruçada sobre a cama, ela leu a citação que abria a introdução:
"Diga-me: o que é uma alegria? E em que jardins crescem as alegrias?", escrita por um tal de Willian Blake, palavras que ele colocou nas bocas de uma trágica personagem.

Então pousou o livro na cama e pensou na frase, e no fato de ser uma personagem trágica que indagavam o mesmo que ela. Mas parecia ser uma pergunta muito plausível, afinal, o que é a alegria? Para isto que ela lia aquele livro, esperava entender...

Retomou o livro, e depois de algumas páginas cheias de comparações sobre o termo alegria em diferentes línguas, culturas e explicações sobre a evolução do seu significado ao longo da história, ela achou aquilo tudo muito teórico. Será que seria capaz de ser alegre depois de ter lido o livro inteiro? Esperava que sim...

Até que sem pedir licença, a lembrança de uma aula de anatomia veio a sua mente. O professor explicava todo o funcionamento do impulso para alguém urinar, cheio de músculos, sensores, canais, sinas... Era realmente impressionante que algo tão cotidiano pudesse ser tão complexo. Enquanto a turma anotava as últimas frases do professor, ele olhou bem sério para a turma e falou:
-Jamais pensem nisto tudo quando forem ao banheiro, senão nunca mais serão capazes de fazer xixi novamente.

Talvez as coisas mais simples, quando racionalizadas, percam todo o sentido e deixem de funcionar bem. Foi o que pensou enquanto fechava o livro e se virava para dormir.

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