A busca hipócrita do prazer

Estão pregando para nós, ou nós mesmos estamos buscando, fazer o que gostamos, procurar prazer durante o caminho, não nos preocuparmos com o futuro e várias outras coisas do gênero (se você não está por dentro deste discurso, o vídeo abaixo fala um pouco dele).

Eu mesma já me vi perdida em muito devaneios e reflexões sobre vocação, sobre propósito de vida, trabalho, família e etc, e muitos que leem este espaço conhecem parte da minha trajetória neste caminho. Mas um dia, perdida em todos estes pensamento peguei um ônibus lotado as 7 horas da manhã, indo de uma periferia para uma região central, e então eu pensei para quem é este discurso, quem pode de fato fazer o que ama, parecemos estar indo contra o modo de vida capitalista e burgues clássico, mas não será apenas enganação? Será que o modo de produção dos meus tênis, totalmente automatizado, e com pessoas em linhas de produção as levam a fazer o que elas amam? Será que todos os empregos que existem hoje, o nosso modo de vida leva todas as pessoas a este "revolucionário" estilo de vida? Eu penso que não... Acho que pode ser uma "filosofia" bonita, mas tendo consciência de toda a sociedade em que estamos inseridos, e não querendo ser hipócrita, penso que a reflexão tem que ir muito além de buscarmos fazer o que amamos e gostamos, mas buscar também um modo de vida que leve outras pessoas a não entregarem as suas vidas inteiras a servirem um mercado do qual não queremos fazer parte.

E não, muitas vezes as vida que as pessoas levam NÃO é reflexo simplesmente das suas escolhas. A vida é muito mais do que escolhemos e desejamos. Os dados sempre nos lembram que não depende só de nós.

Teria mais um milhão de coisas para falar sobre isto, mas vocês não leriam, e eu tenho vários trabalhos para fazer ainda neste junho estranhamente chuvoso. Então fica só a pontinha da ideia!