31 de outubro de 2010

à medida que você for crescendo, eu parecerei maior a seus olhos.

– Aslam! Querido Aslam! – soluçou. – Até que enfim!
O grande animal deitou-se de lado, de modo que Lúcia caiu, ficando meio sentada e meio deitada entre as suas patas dianteiras. Ele inclinou-se e com a língua tocou o nariz da menina, que se sentiu envolvida pelo seu bafo quente. Ela levantou os olhos e fixou-os no grande rosto sério.
– Foi bom ter vindo – disse ele.
– Aslam, como você está grande!
– É porque você está mais crescida, meu bem.
– E você, não?
Eu, não. Mas, à medida que você for crescendo, eu parecerei maior a seus olhos.
Lúcia sentia-se tão feliz que nem queria falar. Aslam quebrou o silêncio.
– Lúcia, não podemos nos demorar muito aqui. Vocês têm uma tarefa a cumprir e hoje já perderam muito tempo.
– Que vergonha, não acha? Tinha certeza de que era você. Mas eles não quiseram acreditar... São todos uns...
Lá muito de dentro, das próprias entranhas de Aslam, veio qualquer coisa que, vagamente, sugeria um rosnar de impaciência.
– Desculpe! – disse Lúcia, ao entender tudo. – Não queria pôr a culpa nos outros. Mas a verdade é que a culpa não foi minha.
O Leão fitou-a bem nos olhos.
– Oh, Aslam, acha que eu errei? Como é que eu... podia deixar os outros e vir sozinha encontrar-me com você? Não olhe para mim desse jeito... bem... de fato... talvez eu pudesse. Sei que com você não estaria sozinha. Mas ia adiantar alguma coisa?
Aslam não respondeu.
– Mesmo assim teria sido melhor? – perguntou Lúcia, com a voz sumida. – Mas como? Aslam, por favor, diga-me.
Dizer o que teria acontecido? Não, a ninguém jamais se diz isso.
Príncipe Caspian, C.S.Lewis (pag 358 do vol.único)

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