18 de novembro de 2010

Não faz idéia do que seja o desenvolvimento, o progresso?

– Em segundo lugar – disse Caspian –, gostaria de saber por que permitiu que se desenvolvesse aqui esse ignominioso tráfico de escravos, contrariando antigos usos e costumes de nossos domínios.
– Não foi possível ser de outro modo – respondeu Sua Excelência. – Posso assegurar-lhe que é uma parte essencial do desenvolvimento econômico das ilhas. O nosso presente estado de prosperidade depende disso.
– Mas que necessidade tem dos escravos?
– Para exportação, Majestade. São vendidos especialmente para a Calormânia. E temos outros mercados. Somos um grande centro comercial.
– Em outras palavras, não precisa deles. Tem outra finalidade além de encher os bolsos de um tal de Pug?
– Os verdes anos de Vossa Majestade – disse Gumpas com um sorriso que pretendia ser paternal – impedem-no de compreender o problema econômico daí resultante. Mas eu tenho estatísticas, gráficos, tenho...
– Por mais verde que seja a minha idade, acho que entendo tanto de comércio de escravos quanto Vossa Excelência. O tráfico não traz para a ilha carne, pão, cerveja, vinho, madeira, couve, livros, instrumentos musicais, armaduras ou qualquer outra coisa. Mas, mesmo que trouxesse, não poderia continuar.
– Isso seria o mesmo que impedir o relógio de marcar o tempo – articulou a custo o governador.
Não faz idéia do que seja o desenvolvimento, o progresso?
-Já vi essas duas coisas num saco só. Em Nárnia chamamos a isso ir de mal a pior. Esse negócio tem de acabar.
– Não assumo a responsabilidade por essa medida – disse Gumpas.

A viagem do Peregrino da Alvorada C.S. Lewis (pg 428 do vol único)

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